DAR VOZ, PENSAR, OUVIR E FAZER PARTE: Filosofia, cidadania, arte e cultura turma DFX
Apresentação
Esta formação pretende contribuir para fomentar estratégias pedagógicas, ainda pouco utilizadas, recorrendo à prática FcC, articulada com as artes e a cultura, com vista à integração escolar e social das crianças migrantes. Trata-se de contribuir para o sucesso escolar e bem estar das crianças oriundas de vários contextos socioculturais, invertendo a sua situação de vulnerabilidade e tornado a sua presença participativa numa mais valia para todos. Pretende-se que estas crianças se possam afirmar como seres pensantes, e que o façam apoiando-se nas suas culturas de origem, formando destas uma representação positiva, para que consigam ultrapassar os obstáculos relacionados com a exclusão e tomarem parte ativa na sua inclusão escolar.
Destinatários
Docentes dos Grupos 100, 110
Releva
Para os efeitos previstos no n.º 1 do artigo 8.º, do Regime Jurídico da Formação Contínua de Professores, a presente ação releva para efeitos de progressão em carreira de Docentes dos Grupos 100, 110. Mais se certifica que, para os efeitos previstos no artigo 9.º, do Regime Jurídico da Formação Contínua de Professores (dimensão científica e pedagógica), a presente ação releva para efeitos de progressão em carreira de Docentes dos Grupos 100, 110.
Objetivos
a) Dar a conhecer o potencial ética da Filosofia com crianças, nomeadamente a nível da erradicação do preconceito, da intolerância, da discriminação; b) Proporcionar a aquisição de atitudes e valores filosóficos que conduzam ao respeito pela diferença; c) Preparar os professores para serem promotores de convivência democrática e consciência cívica, em contexto de sala de aula; d) Sensibilizar os formandos para o sentido de igualdade de todos os participantes enquanto seres pensantes, independentemente da idade, da cor de pele, etc; e) Exercitar o diálogo participativo e colaborativo; f) desenvolver um trabalho a nível da atenção, da empatia, da abertura reflexiva e da escuta do outro; g) Desenvolver competências para o diálogo filosófico e intercultural, inspirado na articulação com diferentes linguagens e expressões artísticas; h) Dar a conhecer, na prática, como se proporcionam experiências de pensamento, a partir da experiência de vida das crianças.
Conteúdos
1 - A prática da Filosofia com crianças (FcC) e a fruição artística como modos de nos abrirmos ao Novo, ao Desconhecido e ao Inesperado, que a Infância traz consigo: 1.a) O Espanto na interrogação filosófica na infância e criação artística. O medo face ao desconhecido e ao diferente. "exercício do viajante" - Exercício prático em torno do espanto e do medo e do tema da viagem. "Exercícios para pensarmos aquilo que não pensamos antes", a partir da leitura de diálogos entre crianças, e com base em manifestações artísticas. 1.b) Do espanto às conceções metafísicas sobre a origem do mundo. Conto Africano sobre o tema da Origem. Questões e teorias sobre a origem do mundo, segundo crianças dos 6 aos 10 anos. 2 - Uma ideia de Infância diferente 2.a) Apreender a Infância diferentemente a partir de três conceções do tempo distintas: Cronos, Kairos e Aion. Revisão crítica da temporalidade, tal ´como é pensada pelo sistema educativo As crianças enquanto seres pensantes e o território dos Porquês na Infância. 2.b) A singularidade das crianças migrantes: narrativas de crianças residentes em Lisboa A criança migrante: um obstáculo ou uma mais-valia para todos? 3. Caminhos para se pensar diferentemente na escola: 3.a) A igualdade das capacidades para se pensar, sem distinção de cor de pele, idade, origem cultural e linguística, etc "Exercício filosófico para se desfazer hábitos reflexivos, resistências e hierarquias", a partir de manifestações artísticas ou culturais. 3.b) "E se tudo fosse amarelo?" - Apresentação de uma conversa filosófica encenada pela artista Sílvia Real. Análise do pensamento das crianças, recorrendo às ferramentas e certas práticas artísticas tais como a composição e atransformação dos erros em potências criadoras. 4. Caminhos para se pensar o racismo na escola:: 4.a) O significado das palavra "Estrangeiro", "Minoria", "Preconceito", "Discriminação", "Raça", "Melanina", "Colonialismo", "Escravatura". O racismo em Portugal. Que perguntas colocam as crianças de Lisboa? Exercício de diálogo participativo e colaborativo a parir das questões das crianças. 4.b) A visão dos indígenas sobre o branco, segundo o antropólogo brasileiro Viveiros de Castro e o penssador Davi Kopenawa Yaninami "Exercícios para desconstruir as nossas visões eurocentradas", a partir destes textos. Exercícios de diálogo colaborativo e participativo a partir da visita Galeria Amazónia - visita on-line 4.c) Atividades com base em recursos artístico-pedagógicos, usadas durante as miniconferências para miúdos curiosos, sobre racismo, designadamente o "mapa ao contrário", o jogo "Adivinha de onde venho: quantas raças existem", etc. 5. Caminhos para se pensar a diferença na escola: Abordagem inclusiva da prática da FcC: "Pensar é fazer parte"? Apresentação da aplicação da metodologia da FcC em contextos comunitários (Bairro ca Cova da Moura e Ilhas de Cabo Verde) Exercício de tomada de consciência acerca das nossas ideias feitas, enraizadas num ponto de vista único ou numa cultura única.
Metodologias
Os conteúdos não serão apresentados de forma linear, mas sim, de forma articulada com a participação dos formandos, através dos métodos demonstrativo e interativo. As sessões serão sempre teórico-práticas, privilegiando-se, contudo, a componente prática: - recorrendo à metodologia da FcC, a estratégias e abordagens consensuais, alinhadas com as recomendações da UNESCO, tais como o diálogo participativo e colaborativo, o espírito crítico e a escuta do outro; - recorrendo à arte e à cultura para se desenvolver e enriquecer os exercícios reflexivos, questionar e dialogar com o mundo e os outros de diferentes maneiras e desenvolver o sentimento de pertença a uma comunidade; - procurando novos caminhos para apoiar as crianças na construção da sua resiliência, designadamente, partindo de narrativas acerca de experiências de vida para uma reflexão sobre o ser humano e a co-construção de novos sentidos para a vida.
Avaliação
A avaliação dos formandos é feita de modo contínuo, com base na participação nas sessões, incidindo sobre o processo de trabalho e sobre os produtos que dele decorrem (relatórios reflexivos, organização e condução de sessões práticas) e que revelam a consolidação dos conteúdos abordados, evidenciando a aplicação em contexto das temáticas e metodologias trabalhadas durante a formação. Os/as Formandos/as serão avaliados/as utilizando a escala de 1 a 10 valores, conforme estipulado no Despacho n.º 4595/2015, de 6 de maio, recorrendo aos parâmetro de avaliação estabelecidos pelo CFAE e respeitando todos os dispositivos legais da avaliação contínua.
Bibliografia
JELLOUN, Ben Tahar, Le racisme expliqué à ma fille, Éditions du Seuil, 2004KOHAN, Walter, OLARIETA, Beatriz F. (Orgs.), A Escola Pública aposta no pensamento. Belo Horizonte, Autêntica, 20212MORO, Marie Rose, Enfants d'ici venue d' ailleurs. Paris: La Découvert, 2002READ, H., Educação pela arte. Lisboa: Edições 70, 1982TOVE, Skutnabb-Kangas, Language: A Right and a Resource. Approaching Linguistic Human Rights. Linguistic Society of America, vol. 77, number 3, pp. 640-641, 2001